Sou caipira lá do mato e lhe trato de doutor Mesmo sem saber quem é, esse é o meu jeito, meu senhor Respeito pra ser respeitado, sou humilde e trabalhador Tudo o que tem na cidade pra matar sua vaidade, foi um caipira quem plantou ♪ Eu dou motivo pra me chamar de caipira Mas continuo lhe tratando de senhor Eu não me zango, pois não disse uma mentira Pelo contrário isso até me dá valor Sua infância foi lições de faculdade Na realidade hoje é grande doutor Não tive estudos, minha escola foi trabalho Desbravando meu sertão no interior ♪ Foi importante eu ter feito esta viagem Pois conheci esta frondosa capital Estou surpreso vendo tanta aparelhagem Para o senhor tudo isto é normal Sou um paciente que o destino lhe oferece Não me conhece como um profissional Lá onde eu moro o senhor se sentiria Como eu me sinto aqui neste hospital ♪ Lá eu domino aquele incêndio alastrado Que sempre um raio deixa fogo no espigão Se der um golpe em um Jatobá erado Eu sei o lado que a árvore cai no chão Sou especialista em mata-burros e porteiras Sei a madeira que se usa pro mourão Vamos comigo ver meu mundo ao céu aberto Onde o trabalho também é uma operação ♪ Todas as vezes que me chamam de caipira É um carinho que eu recebo de alguém É uma prova que a pessoa me admira E nem calcula o prazer que a gente tem Doutor, agora nós já somos bons amigos Vamos comigo conhecer o meu além Para dizer que sou caipira na cidade Mas lá no mato eu sou um doutor também