De manhã cedo essa senhora se conforma Bota a mesa, tira o pó, lava a roupa, seca os olhos ♪ Ah, como essa santa não se esquece De pedir pelas mulheres, pelos filhos, pelo pão? Depois sorri meio sem graça E abraça aquele homem Aquele mundo que a faz assim feliz De tardezinha essa menina se namora Se enfeita, se decora, sabe tudo, não faz mal Ah, como essa coisa é tão bonita Ser cantora, ser artista Isso tudo é muito bom! E chora tanto de prazer e de agonia De algum dia, qualquer dia, entender de ser feliz De madrugada, essa mulher faz tanto estrago Tira a roupa, faz a cama, vira a mesa, seca o bar Ah, como essa louca se esquece Quantos homens enlouquece Nessa boca, nesse chão? Depois parece que acha graca e agradece Ao destino, àquilo tudo que a faz tão infeliz Essa menina, essa mulher, essa senhora Em que esbarro a toda hora no espelho casual É feita de sombra e tanta luz, de tanta lama e tanta cruz Que acha tudo natural