Serras, veredas, atalhos Estradas e fragas de vento Onde se encontram retalhos De vidas em sofrimento Retalhos fundos nos rostos Mãos duras e retalhadas Pelo suor do desgosto Retalha as caras fechadas O caminho que seguiste Entre gente pobre e rude Muitas vezes tu abriste Uma rosa de saúde Cada história é um retalho Cortado no coração De um homem que no trabalho Reparte a vida e o pão As vidas que defendeste E o pão que repartiste São lágrimas que tu bebeste Dos olhos de um povo triste E depois de tanto mundo Retalhado de verdade Também tu chegaste ao fundo Da doença da cidade Da que não vem na sebenta Daquela que não se ensina Da pobreza que afugenta Os barões da medicina Tu sabes quanto fizeste A miséria não segura Nem mesmo quando lhe deste A receita da ternura Cada história é um retalho Cortado no coração De um homem que no trabalho Reparte a vida e o pão As vidas que defendeste E o pão que repartiste São lágrimas que tu bebeste Dos olhos de um povo triste De um povo triste De um povo triste