Mesmo sem um porquê significativo Mesmo não tendo muito o que dizer Eu resolvi fazer um samba mesmo sem motivo Um samba assim de improviso Só por fazer Pra afinar a voz com o eco do banheiro E com a mesa do boteco O toque do pandeiro (O reco-reco é um ralador, e o surdo é quem não entender) Tem samba que fala da mulher amada Sem a qual a vida é nada De tanta paixão Tem samba que parece mais pornochanchada "Quero te pegar no colo, te deitar no chão" Tem samba pra quem chega, pra quem foi embora Tem samba de quem chora e quer pedir perdão Se a mulher não perdoa o samba então implora Se a mulher diz que sim o samba diz que não (Não boto mulher no meu samba que é pra não ter confusão) Mesmo sem um porquê significativo Mesmo não tendo muito o que dizer Eu resolvi fazer um samba mesmo sem motivo Um samba assim de improviso Só por fazer Pra afinar a voz com o eco do banheiro E com a mesa do boteco O toque do pandeiro (O reco-reco é um ralador, e o surdo é quem não entender) Tem samba que é feito pra contar piada Ou pra chorar o que a vida malvada fez sofrer Tem samba pra eleger prefeito desonesto Tem o samba de protesto pra mandar prender Tem samba do arnesto, samba pra bahia Tem samba todo dia, de breque ou canção Pagode pra dançar até amanhã cedo Samba enredo a fantasia até cair no chão (Fazer samba sem dizer nada não é fácil, meu irmão) O samba na corda bamba pede por socorro Nos meandros lá do morro o funk dá o tom Malandro tá sambando em mato sem cachorro Trocando sapato branco por tênis neon Mas de janeiro a janeiro sobrevive o sambista Nos bares e nas rodas de fundo de quintal Nos lugares da moda, nos shows pra turista Até que venha fevereiro e traga o carnaval (Eu mesmo que não sou passista ensaio um passo bem legal)