Man, man, nunca mais te vi, man
Já te encontro com uma arma, man?
Wassup, nigga?
Yah, agora é assim (aié?)
Agora é assim, yah agora é assim (epah)
Yah, agora tem de ser assim, nigga, já não há...
Esse mambo, nigga (eu não tenho...)
O que é que se passou então? (nigga)
Isso é sinistro
♪
Não direi que sou inocente mas também não sou culpado
Saberás o que trago aqui dentro encaixado
A minha vida é feita de buracos e facadas
Danificada por dificuldades e pancadas
Criado por um antigo combatente, deixa dizê-lo
Hoje é miserável nem vale um cinzeiro
Pensou que seria recompensado
Só não sabia que depois da guerra passaria a ser frustrado
Estraçalhado, como um cão sem dono
Serviu a nação e a recompensa foi o abandono
Eu me virava aí em qualquer lado
Pausava no Kinaxixi, lavava carros
Foi assim que terminei o Makarenko
Mas pra faculdade, até dá medo
Tentei na pública, não tive sucesso
Tentei outros meios mas não tinha dinheiro
Pensei na privada, mas quantos carros
Tenho de lavar pra estudar numa faculdade privada?
Aí a cabeça já não estava bem
Se o destino é ser lavador de carro, tá-se bem
Comecei a facar todos os senhores
Um gajo passava a vida a roubar reprodutores
Vinha o que não tinha, queria o que não podia
E a arma antiga do meu pai foi se tornando minha
Me enchi de revolta
Hoje eu falo duas línguas
O português e o revólver
Ser um gansta foi a minha única opção
Não sou culpado
Ser um gansta foi a minha única opção
Homem revoltado (foges man, isso é uma arma)
Me juntei a um kamba lá mesmo na minha banda
A nossa vida era só espalhar muita libanga
Dinheiro sujo ou seja lá como fosse
Ajudei a minha velha que sofria de trombose
Hoje eu me sinto bem vendo ela de pé
Ché, tem saúde para dar e vender
Nunca aceitou essa vida que eu levo agora
Tem muita educação e é muito conservadora
As noites ajoelha e ora por mim
Talvez é por causa disso que eu ainda não morri
Quando vejo a velha a chorar me sinto bué mal
Acendo a bula a fim de buscar a distração
O meu irmão vive aí à procura de emprego
Os bosses parecem que já não gostam de negros
Eu até fico gripado quando oiço boa aparência
Já sei que tem de ser mulato
E fica lixado quando a doença aperta
Logo pego o trabuco e entro em estado de alerta
Me enfio, sou a vida da má fama
Reduzo quando em casa já ninguém estiver de cama
A minha arma faz barulho, não é brincadeira
E quando estou boiado, faço de qualquer maneira
Mas não penses que eu me sinto bem com isso
Tento largar, mas não é fácil quando já é vício
(Ser um gansta foi a minha única opção)
(Não sou culpado)
(Ser um gansta foi a minha única opção)
Ser um gansta foi a minha única opção
Não sou culpado
Ser um gansta foi a minha única opção
Homem revoltado
Eu sei que vocês eram mesmo carentes mas
Eu tento mudar, não minto
Se me ajudarem, garanto que tiro o dedo do gatilho
Já me ralharam, pisaram, falaram, facaram
Humilharam, mas ainda não me ajudaram
Sou um mentor da criminalidade
Não é por falta de juízo, é falta de oportunidades
Terminei o médio e me senti perdido
Fui excluído, recebi o certificado de bandido
A vida não é fácil aqui fora
Às vezes até prefiro ficar na cadeia toda a hora
Assim me vejo longe dessa cena toda
Fora dos inimigos, fora das drogas
Mas na cadeia tu não representas nada
Só vês a tua própria vida ali bem atrasada
Não há ocupação, não há avanço
A reinserção social em Angola é um fracasso
Ninguém ajuda, só há boca de esquerda
Aqueles que estão aí em cima são gente cega
Não conseguem trabalhar de forma séria
O que sabem fazer melhor é promover a bebedeira
Nos bombardeiam com spots da cuca
Whiskys, cerveja preta, sagres boêmia
Tou lixado a bófia, tá a me martelar
Fiquei famoso, agora a polícia quer me apagar
Ninguém quer saber de mim, estão a se cagar
És o único amigo, o resto me mandou lixar
Eu não pedi para nascer
Se me avisassem que seria assim, eu preferia nem viver
Aiué, mamã ué, mamã ué
Mamã ué
Man, isso é sinistro
Aiué, mamã ué, mamã ué
Foges man, isso é uma arma
Aiué, mamã ué, mamã ué
Mamã ué, mamã ué
Oh oh, oh oh, oh, oh
Aiué