Flores selvagens crescem entre o cimento e a indiferença, Entre a miséria e a abastança Metade homens metade crianças Por esta Luanda das minhas andanças Luanda das minhas andanças Flores selvagens crescem entre o cimento e a indiferença, Entre a miséria e a abastança Metade homens metade crianças Por esta Luanda das minhas andanças Luanda das minhas andanças No deserto de certas vidas Crescem as rosas mais agrestes jamais conhecidas A negação do amor paternal O atestado, de incompetência social Do estado, da família em geral De quem viveu o prazer sexual e negou o amor maternal De quem instituiu o casamento civil E negou assistência materno-infantil Flores selvagens crescem entre o cimento e a indiferença, Vírus mortal da nova doença A rebeldia, assassina e cruel Da abelha que nos ferra e ainda assim produz o mel Rostos infantis envelhecidos pelo Sofrimento que carregam em poucos anos vividos O ódio é a filosofia de quem aceita a Batalha diária, por cada troco por cada migalha Se tens a nascença ditada pela mãe ingrata Aos excluídos pela lei da gravata Por esta Luanda das minhas andanças Luanda das minhas andanças Flores selvagens crescem entre o cimento e a indiferença, Entre a miséria e a abastança Metade homens metade crianças Por esta Luanda das minhas andanças Luanda das minhas andanças Estas flores exalam um perfume mortal, Trazem a satisfação doentia de quem pratica o mal De quem só conheceu o mal Sentiu na pele o mal e hoje reage com todo o instinto animal Aos que encarceraram a sua liberdade Ódio eterno ao estado e toda a sociedade A quem do conforto de casa olha com desconfiança A quem deita ao lixo o que sobra da abastança A quem tem nojo do miúdo que pede no semáforo A quem faz do miúdo vítima do seu desaforo A todos que ignoram esta infância abandonada O perigo está à espreita a cada passo na calçada A quem separou família quebrando o ciclo de vida A quem deu liamba e negou escola criando um homicida Algumas flores murcham sua beleza instantânea Mas a imagem que nos oferece é totalmente espontânea Frágeis na sua condição Ao mesmo tempo veneno e antídoto eles são Ver as feridas acuadas entre o medo e o betão, A fome e o pão, O desprezo e a atenção A necessidade que não se esvai, de ter alguém a quem chamar pai O olhar que conforta, o gesto que abre a porta Para o futuro família e escola, videogame e a bola Editado Por: VictorJoaquim