Eu sou inquieto assim pra dar um corte No elo entre a satisfação e a morte Sou ofício secreto do veneno Corroendo o amor, Deus o tenha! Como disse Drummond, mas que epopeia Essas flores no copo de geleia E alucino, essa Lua, esse conhaque Rio-Mar, o que mais quero Quando não espero, é que Deus dá Minhas unhas em garras transformadas Rasgam a roupa da virgem apavorada Meia-noite ao romper aquela porta Que a separa de mim, ela tá morta Não dá pra entender Essa angústia hoje é boa companheira Da conversa entre o príncipe e a caveira Deduzi que a esperança é uma besteira Corroendo o amor, Deus o tenha! Entre amar e matar não sobra espaço Quanta lâmina rente ao meu abraço E cristais de arsênico em meu beijo Vão matar o que mais quero Quando não espero, é que Deus dá Nem a cobra-coral, nem mesmo a naja Dão o bote da prata que viaja Numa bala entre a arma e o meu peito Acho graça em desgraça, dito e feito Sou meu matador