Vivemos de olhares Em todos os lugares E a gentileza em nós Nos faz heróis covardes Dois bichos desejando Em jaulas diferentes Num cio infindo atrás de grades E a possibilidade De gozo e de saudade Floresce sem dar fruto E o luto sem saída Da hora não-vivida É bem pior pro coração Que a despedida Entre a neblina ouvimos O som dos nossos sinos E ansiamos nos tocar Os olhos criam luzes Cada encontro Os teus olhos barcos pedem aos meus um cais Nas noites estreladas com velas desfraldadas Vejo você se aproximar E os olhos brilham Acendo a minha quilha Enfeito toda a ilha Pra esse encontro imorredouro E no ancoradouro As flâmulas que aceno Se cobrem de sereno São lágrimas choradas Em cada madrugada Quem viu o amor renunciar ao desvario? Mas no fim da viagem Na hora da abordagem Sinto você se desviar Netuno sopra as luzes Fim do encontro Os teus olhos barcos gritam adeus no mar dos meus Adeus