Vou no ultimo barco Para outro lado Cabeça desfeita Casaco molhado Meus olhos vazios De quem nada espera Na noite vagueiam O vento é cortante São negras as ondas Escondem segredos Estas águas profundas Aperto o casaco Bem junto à garganta Sinto um arrepio... Que estranha esta noite Que estranha esta névoa Que estranho este rio E este barco vazio... Não há uma luz Não há um farol E eu tenho tanto frio E do fundo das trevas Ouve-se um assobio E o barco pára No meio do rio Uma sombra enorme Uma muralha de ferro Aparece do nada Do tamanho de um prédio Com a força de um gigante Vai saindo à barra Essa massa transcendente Arrasta consigo Meus sonhos de infância De correr mundo De vencer a distância Que sorte a minha Que noite malvada Ondulam fantasmas Na espuma gelada O arrais sorri com o seu olho só No ultimo barco Sozinho eu vou!