Banzo Bã-zu Do português: banzar Pasmar pela morte Do kimbundu: mbanza Aldeia, falta da aldeia A nostalgia dos negros arrancados de África Que levou muitos à morte, no Brasil Colonial Banzo Escravos com banzo caiam na apatia Recusavam alimentos Tomavam veneno, enforcavam-se Muitos comiam terra Uma forma arcaica de atenuar a fome Que estava ligada a infeções Definhamento e vontade de morrer Para evitar perdas, o proprietário português Forçava-os a usar a máscara-de-folha-de-Flandres Uma mistura de ferro, aço e estanho Que se aplicava diretamente Sobre a boca das pessoas escravizadas Funcionava como burca facial Impedindo também que bebessem cachaça Ou furtassem pepitas e diamantes, engolindo-os Em nenhum outro lugar do novo mundo Havia tantos escravizados como no Brasil A cada manhã no Rio de Janeiro Formavam-se filas de mulheres e homens acorrentados A caminho dos pelourinhos Que existiam nas praças principais da cidade Nas chácaras, existia o tronco Um instrumento de tortura Ao qual se prendiam as pessoas escravizadas Pelo pescoço, mãos e pés A preguiça era reprimida a toda a hora Com chicotadas ou valentes tabefes Distribuídos de passagem Nas chicotadas em série O couro arrancava a pele à primeira Fazendo com que a continuação Fosse ainda mais dolorosa Até a chaga ter de ser lavada Com vinagre e pimenta Para impedir que apodrecesse O hábito de comer terra Era uma resolução heroica e desesperada Própria das nações africanas amantes da liberdade E a máscara-de-folha-de-Flandres O indício dos que preferiam morrer a ser cativos 400 anos depois Um homem branco pergunta De onde você é? Elza responde: Do Planeta Fome