Na feira dos sítios sem sorte Reza a vida, reza a morte Trocadas memórias sem dono Esquecimento, abandono As más, as boas, as certas As profundas e as despertas Aquelas que ninguém se esquece É vendê-las em quermesse Mirones procuram gordura Os artistas, amargura Turista regista o que engraça Só no rolo é que o tempo não passa Mendigos, senhores do retalho Apodrecem no mesmo carvalho Uns vendem pela brincadeira Outros já só lembram a feira Num banco a velhota Organiza a gaveta Na sua ampulheta Não tem mais risota Conversa da treta Tem sempre um que a topa Mas esta batota Até troca um forreta A lama e as tendas Os gastos, revendas São soro p'rá veia De quem regateia Os mitos e as lendas Que a história semeia Perdidos na teia Das compras e vendas