Um velho fazendeiro
Quis vender o seu burro no mercado
Então, ele chamou o filho e disse
Ora, filho, bota sua melhor roupa
Que nóis' vamo' lá no mercado vender nosso burro
O menino ficou muito contente
Botou sua melhor roupinha
E lá foram os dois
Pai e filho puxando o burro pelo caminho
Lá adiante
Umas lavadeiras olharam a cena e disseram assim
Ah, que bobos, olha lá!
Como eles são bobos
Os dois puxando o burro
Pelo menos um podia ir em cima do animal
Ah, que bobos!
Ora, filho, eu não sou bobo coisa nenhuma
Já sei! Ocê' sobe no burro, que eu vou puxando
E seguiram assim o seu caminho
Mais adiante, encontraram um velho sentado
Na frente de um hotel
Fazendo nada, olhando a vida dos outros
Ele olhou e disse assim
Olha só, que absurdo!
Isto aí é o exemplo de uma geração
Que não respeita os mais velhos
O menino muito bem, refastelado em cima do burro
E o velho, coitado, caminhando com as suas pernas cansadas
Que falta de respeito!
Ora, filho, eu acho que esse véio' tem razão
Vamo' trocar, agora eu que subo no burro
E ocê' vai puxano'
E seguiram assim o seu caminho
Mais adiante, encontraram umas camponesas
Que olharam e disseram assim
Ô, véio' danado, ô, véio' danado
Esse véio' é danado
Todo lá espalhadão em cima do burro
E o menininho, coitadinho
Caminhando com as suas pernas fininhas
Desmilinguidas, subnutridas
Ah, que absurdo! Oh, véi danado
Ora, filho, acho que nosso caminho tá muito difícil hoje
Já sei, pra agradar vamo' os dois em cima do animar'
E seguiram assim o seu caminho
Quase chegando no mercado
Encontraram uns criadores de animais
Que olharam a cena e disseram assim
Pobre, burro! Carregando carga dupla
O burro chega tá arriado no chão
Que absurdo, coitado do animal
Quem devia carregar esse animal nas costas eram eles
Gente, e não é que eles colocaram o burro nas costas mesmo?
Olha lá, gente
Meu Deus do céu!
Ih, olha lá
E foi uma gargalhada só
Também pudera, é isso que dá
Quem quer agradar a todo mundo
Acaba não agradando a ninguém
Quem quer agradar a todo mundo
Acaba não agradando a ninguém