Pra me desanuviar da culpa Condenei a cristandade Conspirei contra a cultura Quando o peito abriu pra piedade Destilei cinismo ralo Pra poder beber no Baixo Para me evadir das evidências Repeti relativismos No que fui muito aplaudido Como o sofrimento me enfadasse Engajei-me numa ONG Dei abraço na Lagoa Para que o assombro da verdade Não doesse quase nada Reclamei cidadania Quando uma memória me exigia Contrição ante o sagrado Apertei um baseado Sou da legião, peço passagem Ponho o rancho na avenida Taco a vida na voragem Sou da legião, peço passagem Ponho o rancho na avenida Taco a vida na voragem Para aliviar a consciência Transtornei meu livre arbítrio Num instinto de toupeira Como o meu projeto não vingasse Rebelei o baixo ventre Descobri-me comunista Pra vogar na crista da história Recortei o meu destino Como manda o figurino E se a criação me revelasse A mão suprema que a sustenta Eu tinha um plano de imanência Pra glorificar minha vontade Eu desconstruí o mundo E pus o mundo na linguagem Quando fulgurou a parusia Gracejei pois bem sabia Que era mais uma palavra Sou da legião, peço passagem Ponho o rancho na avenida Taco a vida na voragem Sou da legião, peço passagem Ponho o rancho na avenida Taco a vida na voragem Na voragem na voragem na voragem...