Nos tempos em que eu cantava Pelos recintos bairristas Era o fado mais canalha Mas havia mais fadistas Os que me vêem tristonho Quando os meus cantares disperso Não sabem que vivo imenso Na divagação de um sonho Quando em retorno transponho Da vida a breda brava Que fundas rugas me cava E o bom humor me dilui Recordo triste o que fui Nos tempos em que eu cantava Se recordar é viver Só de recordações vivo Com o coração cativo Ao que não posso esquecer Parece que estou a ver As multidões tão simplistas Num culto igual aos deístas Ouvindo em silencio o fado Tal como era cantado Pelos recintos bairristas Entre fadistas de lei Com meu concurso não falto Tenho orgulho em ser da greia Dos fados do bairro alto.