Há gente que espera de olhar vazio Na chuva, no frio, encostada ao mundo Há quem nada espanta nenhum gesto Nem raiva ou protesto Nem que o sol se vá perdendo lá ao fundo ♪ Há restos de amor e de solidão Na pele, no chão, na rua inquieta Os dias são iguais já sem saudade Nem vontade Aprendendo a não querer mais do que o que resta E a sonhar de olhos abertos nas paragens, nos desertos A esperar de olhos fechados, sem imagens de outros lados A esperar de olhos abertos, sem viagens e regressos A sonhar de olhos fechados outro dia lado a lado ♪ Há gente nas ruas que adormece Que se esquece enquanto a noite vem É gente que aprendeu que nada urge Nada surge Porque os dias são viagens de ninguém A sonhar de olhos abertos nas paragens, nos desertos A esperar de olhos fechados, sem imagens de outros lados A sonhar de olhos abertos, sem viagens e regressos A esperar de olhos fechados outro dia lado a lado ♪ Aprende-se a calar a dor a tremura, o rubor O que sobra de paixão Aprende-se a conter o gesto a raiva, o protesto E há um dia em que a alma nos rebenta nas mãos A sonhar de olhos abertos, nas paragens, nos desertos A esperar de olhos fechados, sem imagens de outros lados A sonhar de olhos abertos, sem viagens e regressos A esperar de olhos fechados outro dia lado a lado A sonhar de olhos abertos nas paragens, nos desertos A esperar de olhos fechados, sem imagens de outros lados A sonhar de olhos abertos, sem viagens e regressos A esperar de olhos fechados outro dia lado a lado