Esperei-te no fim de um dia cansado À mesa do café de sempre O fumo, o calor e o mesmo quadro Na parede já azul poente Alguém me sorri do balcão corrido Alguém que me faz sentir Que há lugares que são pequenos abrigos Para onde podemos sempre fugir ♪ Da tarde tão fria há gente que chega E toma um café apressado E há os que entram com o olhar perdido À procura do futuro no avesso do passado O tempo endurece qualquer armadura E às vezes custa arrancar Muralhas erguidas à volta do peito Que não deixam partir nem deixam chegar Sabe bem voltar-te a ver Sabe bem quando estás ao meu lado Quando o tempo me esvazia Sabe bem o teu braço fechado ♪ O escuro lá fora incendeia as estrelas As janelas, os olhares, as ruas Cá dentro o calor conforta os sentidos Num pequeno reflexo da lua Enquanto espero percorro os sinais Do que fomos que ainda resiste As marcas deixadas na alma e na pele Do que foi feliz e do que foi triste Sabe bem voltar-te a ver Sabe bem quando estás ao meu lado Quando o tempo me esvazia Sabe bem o teu braço fechado Sabe bem voltar-te a ver Sabe bem quando estás ao meu lado Quando o tempo me esvazia Sabe bem o teu braço fechado E tudo o que me dás quando és Guarida junto à tempestade Os rumos para caminhar Do lado quente da saudade