Tenho fome Estraguei tudo e fiquei sem nada Vê só a foto da minha faminta família no Meu iPhone. (Não, a sério.) Isto realmente Eu saio à rua para deixar os miúdos na escola e prego a fundo Para ainda chegar uns cinco minutos mais cedo à luta E, nisto, abro a janela e, pelo caminho Sinto uma brisa de liberdade que perfuma o ar Enquanto invade a rua. (Não haja dúvida.) Está na altura de esbanjar olás e poupar insultos Que isto o dinheiro cai das árvores E eu até ando a nadar em tabaco e tudo Senhor Optimismo, brinda-me com as contas feitas A quanto subiram as receitas Desde que me sentei nesta cadeira Quantos picos e surpresas? Quantas soluções na mesa? Com quantos clicks se financia uma empresa? (Uma data deles.) Como se tem safado esse bravo mundo lá fora? É que na fábrica não há janelas E os operários divertem-se com apostas Acerca do que será ainda resta da paisagem de outrora É o fenómeno gerado pelo antes e o depois da porta Take me out Ride me down And stop ourselves O? /? JOAO TAMURA: Admirável mundo novo O que eu tenho é teu Tira-me tudo e atira-me p'ra o coliseu Os dias são arenas p'ra derrota Quando as noites são a terra onde enterramos a revolta Quantas notas é que valem as minhas horas? Quantos ramos é que aguentam esta corda? As tuas ordens são drogas As manhãs são coliseus para um combate Estas coisas são da morte e elas fazem a cidade onde há fábricas e Fumo, pássaros sem rumo, Tragédias clássicas de uma vida de um adulto. O S pés descalços na areia, o mar dá a certeza Não há barco tão capaz de transportar a violência A cabeça atrás da mesa Há uma fera, és uma presa As tuas tardes são arenas da tristeza E a riqueza vive em castelos que andam Nem as preces, nem as flechas os alcançam Império das paredes brancas Das montras, das bancas Das compras e da fama Aqui as pombas não são brancas E tu queres fugir daqui Mas tens receio Atrás do muro há outro mundo Eu quase o cheiro Mas quanto o álcool para o copo ficar cheio? E quantos corpos alimentam este reino? Um dia queimo-o