Seres sem face,
Massa de manobra.
Guerra de classe,
Matéria-prima, mão de obra.
Preto sem base,
ódio e disposição de sobra
Pra se armar contra os seus,
O apetite dobra.
Ribeirão das Neves, Minas Gerais, Brasil.
Tamara Franklin, o eu lírico da história que não se ouviu,
Só se sentiu
Revolta qualquer favelado
Onde o esgoto é a céu aberto
E os corações são fechados.
Vida hostilizada pela localização geográfica,
As peças da ROTAM controlam a densidade demográfica.
E é preto contra preto
Lutam por medo da sorte
Irmão que mata irmão
Suja as mãos
Com a própria morte.
Manipulação na tela que padroniza a mentira.
Se somos todos iguais, pra que serve a hierarquia?
Justifico o risco e sigo
Entre karmas e castigos;
Entre traumas e perigos,
Eu sei bem que tá comigo.
Pretos, quem são os inimigos?
Preto contra preto não representa razão.
Pretos, quem são os inimigos?
Homens que matam pretos não me representarão.
Mais uma estrela que deixou de brilhar:
Não sei se era mais um Silva, mas vivia aqui nesse mesmo lugar
Onde sobrenomes registram o histórico da desgraça
Que de geração em geração,
De família em família, passa.
Meu nome é Elniño,
Thiago Henrique Miranda
é assim que me apresento em lugares onde a burocracia comanda.
Ativo na demanda
De
Fazer meu povo entender
Que a paz só reina onde o amor quem manda.
Mas aqui o molho desanda quando preto mata preto
O Estado assiste de longe a execução do seu plano perfeito:
"Abandona eles lá para se matar
Nós não gostamos deles mesmo,
Nem vamos precisa encostar."
Eu vim de lá:
Ibirité, Minas Gerais, Brasil.
Aposto que a TV falando bem daqui 'cê nunca ouviu
Mas pra puta que o pariu
Quem tenta desqualificar
Eu falo porque eu sou daqui
Mas ai de tu se tu falar.
Pretos, quem são os inimigos?
Pretos, quem são os inimigos?
As histórias da maloca tão virando filme
Cada um com seu revólver, tiro a gente troca
E quem lucra com essa guerra segue sempre firme
Assistindo tudo isso comendo pipoca.
Todos pretos mas nem todos do mesmo time
Droga, arma, grana
Por eles a gente choca.
Carnaval anestesia vida que reprime
E o terror na casa do inimigo
Nós não toca.
Danilo, SP, Itaquera, LL.
Tom de pele: igual dos corpos do IML.
Na minha mente,
Confio que o amor é quente
Mas o ódio engatilhado faz que a perna gele.
Faço versos pretos,
Tamo escurecendo.
Preto versus preto,
Desfavorecendo .
Diplomas pra preto,
Números crescendo.
Progresso para nós
Porque merecemos.
Pretos, quem são os inimigos?
Preto contra preto não representa a razão.
Pretos, quem são os inimigos?
Homens que matam pretos não me representarão.
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