Acordo em meu quarto ainda escuro, Mas prefiro não acender a luz A garrafa vazia de vinho esta No mesmo lugar em que pus Fico olhando as figuras na parede Elas também estão a me observar Abro a janela e deixo a luz do dia entrar Não sei quem sou Olho as pessoas que vem e que vão Elas não vão pra lugar nenhum Fecho a janela, deito na cama e espero a noite chegar Não sei que horas são, mas sei que e hora de sair Tomo o ônibus e pela janela fico vendo as luzes a passar Não sei quem sou Fico olhando as vitrines Mas quanta coisa a gente não pode comprar As garotas passam por mim Nenhuma delas chega a me interessar Os letreiros dos cinemas estão sempre a me chamar As ruas estão ficando vazias já e hora de voltar Não sei quem sou Chego em casa me olho no espelho Como estou deformado Envolvo minha cabeça com as mãos Sacudo-a e a estraçalho contra parede