Ressuscito a cada manhã, passo a mão pela cara, o dia dá-me um olá pelos buracos da persiana A mente espreguiça, numa sinfonia prá vida... será magia porque sobrevivo mais um dia Uma rima nova vem-me à cabeça enquanto dou uma mija E esqueço a vossa inveja enquanto sacudo a piça O espelho mostra-me que tenho alma de artista, será que sim? É que eu tenho problemas de vista Um beijo no ombro da minha alma gémea deitada, a calma que me trazes purifica a minha alma Cá fora o mundo é estranho, será o tempo o inimigo... Os sentimentos quase extintos como esmolas pra mendigos Tóxicos no Bom Sucesso matam-se por trocos, ciganos a pedir com dentes de ouro... é irónico Por mais que ouça o ruído citadino, tudo faz sentido Enquanto assobio este que me fica no ouvido... É mais um dia... da minha vida... da minha vida... da minha vida... Só mais um dia... da minha vida... da minha vida... da minha vida... Poeta camuflado profetizo o que sinto, neste mundo frio ou manténs-te duro ou és fodido É mais um dia, o sol inspira, vagueio sozinho Não há nada melhor do que encontrar um amigo pelo caminho Trocar uns versos, tirar uns bafos, ficar acesos... Com o brilho nos olhos como vidro o mundo tem outro aspecto Mantenho o meu karma aberto com sinais que recebo Passo tanto tempo no céu a ver caras que me observam Tou agarrado às nuvens a lançar cagalhões para filhos da puta Repito... a lançar cagalhões para filhos da puta Estarei vivo ou morto o meu testemunho é mais um canto Trago alimento prá alma, aqueço mentes em lume brando Sou nauta, nunca subestimo a força de um sonho À noite atravesso muros e de dia sou sonâmbulo Sinto-me vivo... tenho o meu amor e o pôr do sol... A lua sussurra-me que a vida é apenas um carrocel... É mais um dia... da minha vida... da minha vida... da minha vida... Só mais um dia... da minha vida... da minha vida... da minha vida...