Como me pedir para manter a calma? Se a calma que me pedes é mais além A calma que tu falas é uma boca E a saliva profanando o que há de santo em mim Como me pedir para deixar teu quarto em paz Se teu quarto é um templo onde eu ergui Para ti um monumento ao teu prazer Para ti, um monumento E fiz dessas paredes nosso escândalo, nosso mapa Nosso vão receptáculo de tanto arfar De tanto corpo que eu deixei vazar Pelas entranhas do teu travesseiro Tua coberta ainda tem a mim Escancarado, aberto os olhos Os teus olhos nos meus Sempre molhados pela brisa que transpiras Como me pedir para lembrar das coisas boas? Se coisas boas são saudades e saudades o que são? Se não eu, um extremo, um telefone E você me pedindo? calma, amor