Quais partes de mim vêm velar as palavras mortas Na boca muda e seca De não dizer o que brotou? ♪ Quais partes de mim vêm velar as palavras mortas Na boca muda e seca De não dizer o que brotou? Segredo que não deu nem flor Nem fruto, nem cheiro, nem comida Segredo que morre semente Se mente, areia na boca Boca muda transborda pra dentro Palavra que morre vai pro céu Da boca amarga Amargo que não é de língua, é de mudo Da boca amarga Amargo que não é de muco, é de mudo Da boca amarga Amargo que não é de língua Eu engulo, mas não esqueço Eu engulo, mas não esqueço Eu engulo, mas não esqueço Palavra que morre no céu da boca Vira estrela pontuda Na boca do estômago E eu, dor, que vai abdômen Eu, dor, que vai abdômen Cicatriz de abrir barriga Eu engulo, mas não esqueço Eu engulo, mas não esqueço Eu engulo, mas não esqueço Eu engulo, mas não... ♪ A palavra morta velada A palavra, a palavra continua A palavra morta, câncer A palavra morta move pra dentro A palavra semente cadáver A palavra enrugada, não líquida A palavra semente cadáver A palavra enrugada, não líquida ♪ Corte pra achar na artéria do peito A palavra semente calada, semente caída Quais partes de mim vêm velar o que morro Cada vez que me calo?