Hoje... Hoje vou despir a minha lira Nesta vida de ilusões Tem de haver alguma alegria No meio das minhas inquietações Hoje fui abandonado pela Vergonha e a discrição Fui invadido, tomado de assalto Pela vontade de abrir uma exceção É que esta noite vou lançar ao mar A bruma que houver em mim Vou beber e cantar este luar Vou dançar até ao fim Hoje quero ouvir as cagarras A fintar os luzeiros do farol Quero ser livre, soltar as amarras Cantar inté ao nascer do sol Hoje vou deixar que o vinho roube O tino e o tarelo Marca isso numa folha de couve E dá aos caracóis para comê-la É que esta noite vou lançar ao mar A bruma que houver em mim Vou beber e cantar este luar Vou dançar até ao fim É preciso ter lata e botas de cano Nunca se viu um cagarro ficar rouco A fera e o de não ser um serrano Diriam que estou a ficar louco Hoje tenho carta de alforria Vou-me meter numa aventura Vou precisar de uma estrela guia P'ra por a chave na fechadura É que esta noite vou lançar ao mar A bruma que houver em mim Vou beber e cantar este luar Vou dançar até ao fim É que esta noite vou lançar ao mar A bruma que houver em mim Vou beber e cantar este luar Vou dançar até ao fim É que esta noite vou lançar ao mar A bruma que houver em mim Vou beber e cantar este luar Vou dançar até ao fim