Por um capricho do tempo Que é como se fosse mulher Ela sofreu duas vezes querendo o que ele não quer Queria que se acabassem as horas de solidão Que os ponteiros abalassem por dentro da escuridão Desejou tanto desejo De logo chegar ao fim Um monte logo de beijos Nas asas de um querubim Que o tempo escasso-ligeiro trouxe uma gota de mel Pra pingar naquela língua amargurada de fel E porque cumpre seus prazos e se vira quando quer Em qualquer bicho vivente machefemomemulher O tempo levou consigo a prenda, o sonho, o querer Este sempre mal-bem-vindo pedaço de dor-prazer E depois ficou parado vendo a ferida sangrar Farpa-prego-espinho-cravo sem hora, sopro, lugar Ela quis então de novo na outra vez solidão Que o tempo desembestasse mesmo assim, no sol clarão E fechasse aquela chaga travasse aquele punhal Recolhesse aquela praga sem deixar nenhum sinal Tempo não se compadece, como se fosse mulher Alguém que não quis, quisesse ou que queira, mas não quer Caprichoso, foi-se embora arrastando um vendaval No coração da senhora nos olhos destè animal Segura num só-soluço ela se cura e bendiz Mas o tempo lhe deserda uma fina se cicatriz Um querer de recomeço de volta na escuridão Sonhos abraços tropeços nos braços da solidão Por um capricho do tempo Que é como se fosse mulher Por um capricho do tempo Que é como se fosse mulher Por um capricho do tempo Que é como se fosse mulher Por um capricho do tempo Que é como se fosse mulher Por um capricho do tempo Que é como se fosse mulher Por um capricho do tempo Que é como se fosse mulher Por um capricho do tempo Que é como se fosse mulher Por um capricho do tempo Que é como se fosse mulher