Que coisa foi que eu fiz, ó tempo, me diz Se tremo de saudade vem tempo, alaúde E agora a terra arde no vento que ruge Eu tinha uma pergunta que há tempos me afronta E um sonho sem resposta canoro me assusta Um sonho que sanhaço velho, moço, jito E ainda que te grasne sem pressa, reclame E veja o tempo ruivo mais curvo, tão lindo Que coisa o tempo quis selar, aprendiz Eu trouxe uma atalante brotou-me serpente E me lançou de novo no flor broto cravo E agora que careço manhã recomeço Alguém me disse a hora por pouca, me espera E agora alguém que canta sussurra, parenta Me diz que o tempo cabe num golpe de sabre Eu posso na demanda mas tempo me brada Rompe o silêncio rouco no dia tão falco E é quando chega a noite num vento de foice E na baía arqueada de chumbo prateada Um sol de douro bronze se escusa, se esconde Na ilha se desgosta cai findo se engasta E nunca durmo, nunca nem choro na bruma Vestido nas carrancas nas ilhas, nas pencas No cerco dos piratas nos tempos sem quilhas Me diz, tempo fantasma que coisa me abisma Enquanto tempo pausa feitiço de brisa E enquanto tempo toca um cinco por quatro