É meio dia, é sol a pino Eu já transpiro e vou dizer! O meu lamento não tem história Não tem memória, o mundo não se acabou Daí por diante segui pensando (segui cantando) Não acabou, mas está se acabando No meio dia de um vinte e três de junho Já a alguns anos depois do final dos tempos Tanto calor mexeu com a minha cabeça Eu estou vendo! Quase não me arrependo Lá vem a banda, talvez seja uma miragem Dobrado e marcha, mas parece um funeral São deserdados, esqueléticos soldados Numa parada, um desfile ou coisa igual Não tem beleza, a miséria em suas faces Verdade e lenda se arranjaram num só hino Vão celebrando vitórias que nem sei se temos O purgatório já não cabe um nordestino O purgatório ja não cabe um nordestino É meio dia, é sol a pino Eu já transpiro e vou dizer: No juazeiro a cidade Eterna Virgilia reveste Paira no ar um fantasma De paraíso ou de peste No juízo final, o fórum Da injustiça terrestre A cidade se recolhe Serene mobilizada Numa muralha ou num manto Guarda a tensão domada Como se só ela soubesse Da mensageira velada Concentra o nervo-energia A espera da pancada Da ameaça que pende Como pendão ou espada Em prontidão de retesa Em arco e flecha apontada Lá vem a banda, talvez seja uma miragem Dobrado e marcha, mas parece um funeral São deserdados, esqueléticos soldados Numa parada, um desfile ou coisa igual Não tem beleza, a miséria em suas faces Verdade e lenda se arranjaram num só hino Vão celebrando vitórias que nem sei se temos O purgatório já não cabe um nordestino O purgatório ja não cabe um nordestino Pro fim da vida até que morte nos ampare Será que existe pra esse mundo uma salvação Se não, eu fico aqui vagando pelo tempo Com minha alma afoita por revolução Com minha alma afoita por revolução Com minha alma afoita por revolução