Era noite de verão E em véspera de São João toda a gente vai p'ra rua Saí de camisa rosa Saia curta perna airosa Batom e verniz nas unhas Saí de camisa rosa Saia curta perna airosa Batom e verniz nas unhas Numa mão tinha um martelo Que era verde e amarelo E na outra o alho-porro Desci até à ribeira Com a ponte mesmo à beira Que é de onde se vê o fogo Desci até à ribeira Com a ponte mesmo à beira Que é de onde se vê o fogo E ao chegar a Miragaia Onde fui rodar a saia Senti calor no decote Quando avisto a dada altura a comer uma fartura O moço dos carros de choque Quando avisto a dada altura a comer uma fartura O moço dos carros de choque Ele era moreno e alto E eu que até sou contralto Piava fino com ele Ficava toda nervosa Só de ouvir aquela prosa Que me arrepiava a pele Ficava toda nervosa Só de ouvir aquela prosa Que me arrepiava a pele Fomos juntos para a foz E ali estávamos nós A ver os balões no céu Quando apareceu a Rute Que chegou como um abutre A dizer que ele era seu Quando apareceu a Rute Que chegou como um abutre A dizer que ele era seu Como quem salta a fogueira Fui p'ra bulha disse asneiras E esfreguei-lhe o alho-porro E fresca como um manjerico Engatei um mais bonito Que apareceu em meu socorro E fresca como um manjerico Engatei um mais bonito Que apareceu em meu socorro