Velho porongo crioulo, te conheci no galpão Trazendo o meu chimarrão, com um cheirinho de fumaça Bebida amarga da raça que adoça o meu coração ♪ Bomba de prata cravada, junto ao açude do pago Quanta china ou índio vago, da água seu pensamento De alegria, sofrimento, de desengano ou afago ♪ E vejo na lata de erva, toda coberta de poeira Na mão da china faceira, ou derredor do fogão Debruçado num tição, ou recostado à chaleira ♪ Me acotovelo no joelho, me sento sobre o garrão Ao pé do fogo de chão, vou repassando a memória E não encontro na história quem te inventou, chimarrão ♪ Foi índio de pêlo duro, quando pisou neste pago Louco pra tomar um trago, trazia seca a garganta Provando a folha da planta, foi quem te fez mate amargo ♪ Foste bebida selvagem, e hoje és tradição E só tu, meu chimarrão, que o gaúcho não despreza Porque és o livro de reza, que rezo junto ao fogão ♪ Embora frio ou lavado, ou que teu topete desande Minha alegria se espande ao ver-te assim meu troféu Quem te inventou foi pra o céu, e te deixou pr'o Rio Grande (Velho porongo crioulo, te conheci no galpão Trazendo o meu chimarrão, com um cheirinho de fumaça Bebida amarga da raça, que adoça o meu coração)