Sinto no peito a fissura que a mente formula Na verdade quem me vê sorrindo Não sabe o quão triste cabe em mim Sigo guardado na caixa das minhas angústias No vão entre o viver E o não viver É como se tudo deixasse de importar O tempo, o espaço, Pessoas entram e saem por corredores vazios da minha existência Olhares que julgam e matam Vozes que ecoam e não dizem nada Placas nas ruas da ida que nos levam a Lugar nenhum e nos lembram apenas uma coisa De onde viemos e para onde retornaremos O eterno silêncio mineral Meu corpo lançado no espaço Com o tempo me fragmentando Trabalho elogio a loucura O lucro doença sem cura O fardo nos ombros cansados é o peso enterrado no inconsciente Um trauma ofegante na mente pulsante De dor vigilante no espírito ausente Hoje eu queria voltar a viver Sem entorpecer meus sentidos E arrastando os dias Seria como me lembrar De como já foi divertido Enxergar as cores da vida