Noturna essa cidade Que fica até mais tarde Que vara a noite a trabalhar Corrige prova em casa Faz compras no Ceasa E vende flores no Araçá Janelas acesas exibem a insônia dos prédios Farmácias entregam remédios pelos motoboys Tem fila no supermercado Padoca tem pão com pingado Uma bailarina pratica sonhando com vaga no Ballet Bolshoi Noturna essa cidade Que trampa até mais tarde Descola um bico, dá plantão Repara um fio em curto Reforma um viaduto Manobra o trem numa estação No quarto um artista dedilha o mesmo instrumento Que um outro executa na rua, depois passa o chapéu Tem carro entregando revista No ponto tem sempre um taxista Tem feira montando barraca de peixe, de fruta, verdura, pastel Noturna essa cidade Que sonha até mais tarde Em ver a vida melhorar Entrar na faculdade Trocar de realidade Voltar de vez pro seu lugar O último voo da noite aterrissa em Cumbica Depois de passar rente ao dorso dos arranha-céus Os bares recolhem cadeiras Cozinhas apitam chaleiras O dia aquece a Cantareira e desce a ladeira fazendo rapel Noturna essa cidade ♪ Os bares recolhem cadeiras Cozinhas apitam chaleiras O dia aquece a Cantareira e desce a ladeira fazendo rapel Noturna essa cidade