Não guardo feições, me afeiçoo Tenho como bobo o soberbo O que não consigo, concebo Não sigo o destino, destoo Eu não me perco com o que é parco Não ponho senha no sonho Não quero pouco, quero o palco Não me acabrunho e nem desdenho do medonho Quando tudo dá errado, ouço uma canção bonita e choro Ignoro o mau agouro e me revigoro Não tenho façanhas nem peçonha Não tenho presídios, só prosódia Coleciono discos, não discórdias Não barganho ganhos pela vergonha Não tiro fotos, guardo afetos Não chego a tantos, mas sigo atento Não tenho sorte, tenho o incerto Sinto que minto se não falo ao sentimento Quando tudo dá errado, ouço uma canção bonita e choro Ignoro o mau agouro e me revigoro Crio ficção, não facciono Mal acerto o passo e já tropeço Com os erros crassos mais eu cresço Cresço com os danos e os abandonos Quando não me encaixo, não me queixo Um frio dos diachos e me deixo Não apago o facho e nem me fecho Perco pro cambalacho, mas não por desleixo Quando tudo dá errado, ouço uma canção bonita e choro Ignoro o mau agouro e me revigoro Eh, iê-iê, iê-iê-iê-iê-iê Iê-iê ♪ Iê-iê, ra-hm-iê-iê, iê-iê Quando tudo dá errado, ouço uma canção bonita e choro Ignoro o mau agouro e me revigoro