Trago cinza nas melena e o picumã no galpão Minha cama é o próprio chão e o céu azul é meu manto Abro meu peito e garanto que o silêncio se apavora E se manda campo afora ao escutar o meu canto E eu me criei rolando ao mundo e não tenho morada certa Mas sendo guapo não se aperta quando uma raça se expande Não existe quem me mande, sou xucro, sou caborteiro Sou cria de missioneiro que me extraviei no Rio Grande ♪ Solto das patas eu vivo longe da querência Cumpro a existência, honro a estampa de campeiro Sou bem largado, sacrifício eu não renego Morro seco e não me entrego, sou cria de missioneiro Por isso hoje, no mundo ando extraviado Sou mal domado que nem potro redomão Ainda recordo dos campos brancos de geada Saltando de madrugada pra tomar meu chimarrão Ainda recordo dos campos brancos de geada Saltando de madrugada pra tomar meu chimarrão ♪ Na minha alma trago o tinido da espora Vou mundo afora taureando com a judiaria Não me aborreço com essa minha vida esquisita Eu saio de tardezita e só volto no clarear o dia Faço bem claro pra que todos me compreendo Também entendam o sofrimento de peão Caindo à noite, deito e não tenho sossego Da grama eu faço pelego e do mundo eu faço galpão Caindo à noite, deito e não tenho sossego Da grama eu faço pelego e do mundo eu faço galpão ♪ Levo na mala um pouco do revirado Braço lotado pra poder enxaguar meu peito Na minha algibeira sempre sobra algum vintém Seja mal ou meio bem eu vivo de qualquer jeito No meu Rio Grande cavalgo de peito aberto Pois é de certo que eu nasci pra gauderiar Vivo cantando com este dom que Deus me deu E, afinal, o mundo é meu e não me importa onde andar Vivo cantando com este dom que Deus me deu E, afinal, o mundo é meu e não me importa onde andar