"Olha a mangueira cavalo! Ecoa lá no potreiro Vem se tropando matreiros sobre o charco do barral Encosta potros na forma, roncando ventre e virilha Até que toda a tropilha mete a cara no buçal Graxa pingando na brasa, ronco de mate e cambona E um tilintar de choronas lavrando o chão do galpão E o movimento da encilha deixa a cuscada latindo E eu adelgaço meu pingo no abraço do cinchão Quatro galhos bem atados lá na grimpa do sabugo Que eu sou de pechar refugos contra a estronca da porteira Depois de bem estrivado sobre o esteio dos loros Solto um silbido sonoro pra minha escolta ovelheira É em direção do rodeio que se laça terneiro novo E eu não aprendi no povo essa ciência campeira Ando sovando cavalo, curtindo couro no basto Bolqueando rastro de casco Benzendo peste e bicheira Saio a tranquito pra o campo assoviando uma toada Mirando a estampa encarnada do horizonte fronteiro A barbela com coscorro duetam com maestria Regendo uma sinfonia no aço branco do freio Aparto a vaca com cria é um mandamento campeiro E a precisão de campeiro tá no punho e na armada Num pealo de sobre lombo abro pra fora o picaço E o terneiro tá no laço e a vaca com a cachorrada."