Quando me salta um floreio de milonga pela boca Me dá uma vontade louca de atorar a guitarra ao meio Sou um homem dos arreios, conheço parada feia Pois trago dentro das veias minha estampa palanqueada E esta cantiga aporreada pra um índio que gineteia Ginetear é uma vocação que o índio já traz de berço Onde aprende a rezar o terço desta xucra religião Pois quem traz no coração tropilhas de mau costeados Crinudos e descrinados "maulas" da marca borrada São mestres nas gineteadas entre potros e aporreados O mundo troca de ponta e a vida toreia a morte Porque o destino e a sorte de gineteadas nos contam De baguais que se desmontam no meio da polvadeira Treme o chão da fronteira quando um paysano se atora Amarrando um par de esporas num par de botas potreiras Quem tem alma de palanque conhece a força do lombo Mas não se entrega num tombo se algum corcóvo lhe arranque Porque a volta do rebenque num floreio rasga o vento A coragem é um sentimento que fez do taura um sulino Esporeador dos malinos que sentem cosca do tento Pra um índio que gineteia este cantar é um regalo Pois quando empeço a cantá-lo o meu sangue corcoveia Uma ânsia se boleia inté parece feitiço Pois me agrada um reboliço que se apronta mano a mano Com as garras de algum paisano e os ferros de um fronteiriço.