Deixa partir o que não te pertence mais Deixa seguir o que não poderá voltar Deixa morrer o que a vida já despediu Abra a porta do quarto e a janela Que o possível da vida te espera Vem depressa que a vida precisa continuar O que foi já não serve é passado E o futuro ainda está do outro lado E o presente é o presente que o tempo quer te entregar Fala pra mim se achares que posso ouvir Chora ao teu Deus se não podes compreender Rasga este véu do calvário que te envolveu Tão sublime segredo se esconde Nesta dor que escurece o horizonte Que por hora impede os teus olhos de contemplarem O eterno presente do tempo O ausente o presente em segredo Na sagrada saudade que deixa continuar Deixa morrer o que a morte já sepultou Deixa viver o que dela ressuscitou Não queiras ter o que ainda não pode ser É possível crescer nesta hora Mesmo quando o que amamos foi embora A saudade eterniza a presença de quem se foi Com o tempo esta dor se aquieta Se transforma em silencio que espera Pelos braços da vida um dia reencontrar