Você não faz ideia da imensidão Dos muitos rios que desembocam nesse mar No mar aberto e fundo do seu coração De um mundo inteiro ainda por se navegar De toda parte passam as embarcações Singrando as águas turvas de uma vida a sós Que clama por sentido e realização Usando o vento e as ondas como a sua voz E você lê algum poema do Pessoa, Uma mensagem escondida na garrafa, Um verso livre de Adélia que ressoa Como um soluço incontido que se abafa E então desaba aquele anseio de infinito De andar por mares nunca dantes navegados Uma saudade muda feito quase um grito O sal da lágrima de amores naufragados Abrir as velas e abraçar a luz do dia Olhar à frente e navegar o que é preciso Vencer a fúria, bem além da calmaria Provar o sal, o sol, o céu, o rio e o riso