A Casa grande é branca e branda como a seda Acolchoada, fina e nobre como a renda Mas aqui fora reina a lei da reprimenda Da palmatória nossa vaga nossa prenda Doutores, carros fortes, ricos e senhores Que suspirais pelas janelas dos amores Olhai por nós marcados por terríveis dores De vós vêm nossas esperanças e temores Os nossos corpos sendo mortos pouco a pouco Os nossos sonhos já desfeitos todos loucos Na casa grande há uma cruz numa parede No coração do negro a uma casa nova Sem palmatória, sem corrente obrigatória Sem mais senhores, todos são de todos amigos E nas paredes não há Cristos esquecidos Nessa fazenda Deus vê gente aproximada É tempo inteiro andar de noite, madrugada No desencontro dor no mundo não vale nada Trás liberdade ver o mundo inabalada (2 vezes) Os nossos corpos redimidos num momento Bem mais veloz que luz e os pensamentos A nossa casa é muito mais que uma fazenda