Já não se ouve um estouro de boiada E o berrante certamente emudeceu Já não se ouve mais o grito de um carreiro Infelizmente tudo desapareceu Naquela estrada que passava boiada Abandonada, o asfalto cobriu o chão Fico sentado na soleira do alpendre Boiada alí só na imaginação Vai saudade Vai acabando com esse velho amigo seu Não tem carreiro, não tem boi, não tem boiada E o poeirão da estrada também desapareceu Por quantas vezes transportei nessa estrada Carga pesada que trazia do grotão Longe se ouvia um cantar bem duetado Bem apertado no chumaço e no cocão No coice tinha boi bordado e canário E lá no meio ouro preto e campeão Os bois de guia pente fino e numerado Que atendia só no guizo do ferrão Vai saudade Vai acabando com esse velho amigo seu Não tem carreiro, não tem boi, não tem boiada E o poeirão da estrada também desapareceu. Hoje tão triste, recordo meu passado Fico lembrando dos bons tempos que se foi Vejo meu carro lá debaixo da paineira Tá sem esteira, é tão triste sem os bois Não tem cocão, não tem chumaço e nem foeiro Não tem carreiro e o cabeçalho á no chão E nessa hora os olhos choram sem querer Parece um sonho, vejo tudo num telão Vai saudade Vai acabando com esse velho amigo seu Não tem carreiro, não tem boi, não tem boiada E o poeirão da estrada também desapareceu