Um tanto obeso e até meio leso Da vida urbana sou mais uma vítima Bem representado eu pareço um fardo todo Engravatado, uma besta legítima Até minha mulher não sabe o que quer Tem sarapater na massa encefálica Vive inquieta fazendo dieta pois a sua meta é ficar esquálida Vivo no sufoco, o que eu ganho é pouco Com ares de louco em um escritório Não me sobra grana nem como banana Pra não fora o seu envoltório Eu não sou otário nem sou perdulário mas o Meu salário é tão irrisório Qu'eu nem tenho nome pr'essa minha fome Ainda vem o homem com o tal compulsório Sem eira nem beira marcando bobeira Vive um funcionário alegre e simpático Quem vê o sujeito feliz desse jeito tem nele Um suspeito de estar lunático Afinal de conta é uma afronta o cabeça tonta Bancar o chiquérrimo Não tem cabimento nem dá pro sustento o Seu vencimento mirrado magérrimo Hoje me invade uma grande saudade da Simplicidade da vida agrícola Eu era feliz caçava perdiz comia raiz era Quase um silvícola Quem vem pra cidade só por vaidade Arrepende mais tarde é fato verídico Por essa manobra padece de sobra Dá rasteira em cobra e cai no ridículo Não suporto mais, eu quero voltar pra Minas Gerais Compositor: Zé Mulato e Cassiano