Todo mundo saiu de casa Quando um preto véio morreu na trairage' Pra ver a história toda tem que pagar mais caro Em resumo ficamo' chorando aquela noite Mas o dia veio e sem receio Partimo' rumo ao novo dia Na ironia a bala vinha A contra gosto Suor no rosto Cheiro no pescoço e sem pudor Vou fingir que é sábado Vou fingir que é domingo Vou fingir que é sábado Vou fingir que é domingo Vou fingir que é sábado Vou fingir que é domingo Vou fingir que é sábado Vou fingir que é domingo E vou brotar Porque sou desses Sou desses As vezes eu só quero ficar Largado Voando E não sustento a pose de malandro Não sustento a pose de malandro Não sustento a pose de malandro Não sustento a pose de malandro De malandro Deus proteja os malandro preto Que arrisca a vida ao sair do beco Sente na pele a dor, o luto, o medo E é alvo dessa fome e desprezo E se o morto preto, sabe, dá em nada Eu to cansado de só tapa na cara Se o meu black tem maconha, fei'?! Para com ideia paia! E quem disse que o preto não passará? Não se assuste quando tomar o seu lugar Nascendo no melhor lugar Ganhando sem ter que roubar Formado e podendo gastar Festa de preto é pra se libertar Força pra continuar Quem disse que vamo' acochar Preto, não se cale pro guarda falar Aqui eu vejo uns pretinho igual eu Que já seguro um b.o que não é seu Por causa da maldita vida Maldita polícia que se corrompeu Por causa da política de escassez E extermínio que o estado me deu Das pistolas antes das escolas Dizem que essa vida nós que escolheu É pouca encomenda de quadro Pra muito enquadro levado Muita chacina do estado Fei', preste atenção! Desse lado política tem nos matado Meu talento não é entregar quentinha Nem portar ferro o dia inteiro na esquina Mudar de vida é o plano dos cria Tirar mais vida é o plano da polícia ♪ Me querem morto ou estirado no chão Vendendo droga ou matando alguém em vão Desgosto pra mãe preta, cheia de frustração E o ciclo se repete entre os preto que se vão Polícia entra na favela e faz chacina O estado assina Ainda é chamado de doutor Dá licença, por favor! É um milhão de dor que nós não assinou Direito que eles nos roubou Somos apenas números nas suas pesquisas Dores que jamais saberão Fome que eles não matarão Saudade do amigo-irmão que morreu em vão Até tentou sonhar mas tiraram seu chão Já tentei de tudo, eles me querem morto Mudei minha postura, eles me querem morto Não é questão de tempo, eles me querem morto Me querem morto, me querem morte Essa é a morte do esquecimento Morte colonial Com pressa Com dor Com sofrimento Morte sem moldura, sem retrato, sem família Morte sem poder se transmutar na travessia Morte sem poder atravessar Morte pra matar Morte prevista nas estatísticas