Eu vou, eu vou
Eu vou pra Saruê
Eu vou, eu vou
Eu vou pra Saruê
♪
Quebrando coco de praia, de Catolé
Perguntei-me: O que é que é que com este mundo há?
Como num filme preto e branco e a cores
Cheio de risos e dores, eu agora vou narrar
Começo em Minas onde a Vale se derrama
Sobre o vale um mar lama, sobre um povo e um lugar
Matando a fauna, bicho-homem e toda flora
Hoje a natureza chora do Rio Doce até o mar
Eu vou, eu vou
Eu vou pra Saruê
Eu vou, eu vou
Eu vou pra Saruê
Eu vi as bolsas despencarem nos pregões
Euro, dólar, meus tostões, onde é que vão parar?
Vão para os bolsos do mercado financeiro
Que governa o mundo inteiro sem ninguém para vetar
Lá pela Síria, eu vi bombas a granel
Feito chuva, vêm do céu, destruir tudo o que há
Bomba francesa, bomba norte-americana
Bomba bacteriana pipocando pelo ar
Eu vou, eu vou
Eu vou pra Saruê
Eu vou, eu vou, eu vou
Eu vou pra Saruê
E as multidões dos exilados das guerras
Procuram por uma terra onde em paz possam ficar
Cruzam desertos com fome, sede e com medo
Muitos têm como degredo naufragar, morrer no mar
Fecham fronteiras, erguem cercas, paredões
Campos de concentrações, currais de gente sem lar
Intolerância política e religiosa
Combinação perigosa que já vimos no que dá
Eu vou, eu vou
Eu vou pra Saruê
Mas eu vou, eu vou, eu vou, eu vou
Eu vou pra Saruê
E a Palestina peleja com Israel
Por um chão sob este céu, por um mar pra navegar
Ter o direito de ser livre e ser nação
Essa paz e comunhão quero um dia aqui cantar
E o terrorismo no tempo do meu avô
Era um filme de terror no cineminha de lá
Hoje é um fantasma que assombra, é um sistema
Não é coisa de cinema, mas é, sim, de assustar
Eu vou, eu vou, eu vou
Eu vou pra Saruê
Eu vou, eu vou
Eu vou pra Saruê
E no momento em que gravo essa canção
Desamor, destruição são águas que enchem o mar
E o meu país caiu nessa correnteza
Em um barco de incerteza pro futuro naufragar
Desmatamento, coivara, tocaia, morte
A vida está por um corte que não para de jorrar
A Mata Atlântica é pasto de dor e dramas
E a Amazônia em chamas clama pelo meu cantar
Eu vou, é eu, eu vou, sim, sim
Eu vou pra Saruê, menino
Eu vou, eu vou
Eu vou pra Saruê
Esse meu xote pega tudo isso e junta
E aí faço a pergunta: Para onde o mundo irá?
É uma questão que roda à terra e não descansa
Ainda tenho a esperança de que isso passará
Minha canção é do meu tempo, é um diário
Que acompanha o calendário do que vejo pra informar
Numa outra vez o assunto se renova
E a notícia, boa nova, eu espero aqui contar
Eu vou, eu vou
Eu vou pra Saruê
Eu vou, eu vou, eu vou, eu vou
Eu vou, pra Saruê
Eu vou, eu vou
Eu vou pra Saruê
Um dia Saruê vai chegar
Eu vou, ah se vai, eu vou
Eu vou pra Saruê
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