Quando nuvens no céu ameaçam desabar é assim quando a gente diz que vai chover Um enorme temporal se forma enfim Tempestade sem aviso a escurecer Todas as cores dos jardins E dos mares, as marés Ventania virando o ar E o ar vibrando O balé do arvoredo, o medo água que cai desse céu Que encharca o rochedo, magnífica onda Turva sensação Pesada no chão Cai a chuva em mim Oh torrente, aguaceiro sem fim Delírio, aluvião Mas no imenso horizonte a luz volta a cintilar E a tormenta se vai zunindo arrefecer E nos deixa a clareza dos serafins E eu me lembro então do nosso estranho amor Mudando nossos corações, nossas trilhas, furacões Só o vento a chuva o mar o amor vingando Sustentado no ar molhado Todo imenso ao léu Esse amor, esse medo magnífica onda Crua sensação, como um vendaval Vai se armando assim Uma enchente de gozo em mim O amor como um temporal