E quem me vê no palco tão serena Tão segura e poderosa, radiante de emoções Não pode adivinhar o meu trabalho Faxineira das canções ♪ No camarim, as rosas vão murchando E o contra-regra dá o último sinal As luzes da plateia vão se amortecendo E a orquestra ataca o acorde inicial No camarim, nem sempre há euforia Artista de mim mesmo, nem posso fracassar Releio os bilhetes pregados no espelho Me pedem que jamais deixe de cantar Caminho lentamente e entro em contra-luz E a garganta acende um verso embrigador O corpo se agita e chove pelos olhos E um aplauso escorre em cada refletor Pisando esta ribalta, olhando pra vocês De nada sinto falta, sou eu mais uma vez As rosas vão murchar, mas outras nascerão Cigarras sempre cantam, seja ou não verão