Eu quero erguer os braços De reclamação ou de felicidade Com a multidão me perder no compasso Junto tomar corpo, ocupar espaço Eu quero fazer pirraça Por um presidente ou pelas crianças Que crescem sem dente Ver florir a raça Nutrir a esperança coletivamente Me encantar de tal maneira Não ver misturar A festa com a sujeira Defender as ruas Eu quero, eu quero dobrar Meu joelho pra frente Pra sempre, agarrar no ar Pegar a palavra na varanda Dentro do tumulto Cresce um bicho de luz Quando me venda os olhos Ele paga por mim Ele fisga a fagulha que ia se apagando Pois que a turba é o falcão sem capuz O enxame vai devolver o vento Com a mão assopra no moleque, na madame Troca os ares do patrão Um corpo só riscando o ar Com novo traço No caso o aplauso rema o espaço Eu quero fazer silêncio De luta ou de sabedoria Sombra na segunda Sinagoga no Saara Meu pai dançando a dança da minha filha Eu quero o fim da geografia Liberdade pro medo Em cada esquina Acende esse segredo Dentro do tumulto Cresce um bicho de luz Quando me venda os olhos Ele paga por mim Ele fisga a fagulha que ia se apagando Dentro do tumulto Cresce um bicho de luz Quando me venda os olhos Ele paga por mim Ele fisga a fagulha que ia se apagando Pois que a turba é o falcão sem capuz