O rio ia sempre passando Sem nunca parar um segundo E o tempo, imitando o rio Passou também, pra todo mundo E assim foi crescendo Rorbeto Ao lado dos seus bons amigos O tempo, o cachorro, as pessoas As árvores e o rio antigo Rorbeto ainda era pequeno Mas já caminhava e corria Também já sabia falar E além de falar, ele ouvia Crianças aprendem a pensar E ele aprendeu desde cedo Também aprendeu a contar Usando a ajuda dos dedos Pensou nos amigos que tinha O pai e a mãe eram dois Filé o terceiro da lista Não lembro quem veio depois Contou só na mão direita Os pais, o cachorro e mais três Contou do dedão ao dedinho Um... Dois... Três... Quatro... Cinco... Seis... Rorbeto contou outra vez Prestando bastante atenção Um... Dois... Três... Quatro... Cinco... Seis... Contou do dedinho ao dedão Seis dedos em uma mão só Será que na outra são quatro? Olhou para os dedos dos pés Mas antes tirou os sapatos Rorbeto estava tão nervoso Que nem percebeu o chulé Contando de um até dez Contou cinco dedos por pé Olhou para a mão novamente Sentindo um grande embaraço Chorou um pouquinho, coitado Pensando na mão do outro braço Queria contar também nela Mas parou um pouco, com medo E se nessa mão, à esquerda Tivessem ainda muito mais dedos Podia ter sete, até oito Quem sabe até nove, talvez Ninguém tinha visto até hoje Que na mão direita eram seis Então não seria impossível Agora a esquerda ter mil Rorbeto nem queria ver Mas abriu os olhos e viu Contou cinco dedos na esquerda Usando um dos seis da direita E vendo que só tinha cinco, gritou Tenho uma mão perfeita A turma da rua escutou o seu grito E correu pra janela Queriam saber do Rorbeto Que gritaria era aquela Rorbeto escutou as perguntas Mas não quis dizer a resposta Ficou com vergonha da mão, a direita E botou a nas costas