No campo da frente das casas da estância Gritou o quero-quero, anunciando a chegada O perro criollo alardeou na distância Ninguém entendeu aquilo por nada O ermo do campo estendia-se em léguas Nenhum andarilho se via chegando Somente as tambeiras, potrilhos e éguas E o pasto nativo seguia brotando São tantas as vezes que isso acontece Os bichos pressentem que alguém vai chegar E a gente que pensa, às vezes esquece Que há coisas que os olhos não podem olhar Barulhos de cascos chegando nas casas E vozes que chamam por entre arvoredos Imaginação que por vez cria asas Ou velhos fantasmas na sombra do medo ♪ A voz das taperas chorando pedaços De um tempo remoto, em que o pago era moço Histórias do velho enforcado no laço Da moça encontrada no fundo do poço Taperas, restingas, grotões, cemitérios Herança de um tempo de adaga e garrucha Projeta incertezas, crendices, mistérios No imaginário da gente gaúcha São tantas as vezes que isso acontece Os bichos pressentem que alguém vai chegar E a gente que pensa, às vezes esquece Que há coisas que os olhos não podem olhar Barulhos de cascos chegando nas casas E vozes que chamam por entre arvoredos Imaginação que por vez cria asas Ou velhos fantasmas na sombra do medo