Já vai nascer A madrugada Enche-se lenta Já tão desmamada E é um poema Que eu sinto em mim Na tua presença O princípio no fim Vai de mansinho, aconchegada Sem pão nem linho Na casa tão só Ai, na casa moinho Lá ao pé do rio Em desvario vai buscar seu nome Fui de mansinho, de madrugada Fiz o meu ninho de ave quebrada Teci o vestido do mais puro linho Não me viram tão só E ainda me espero Longe já vai o tempo que fomos Nos conhecemos, palhaços e bobos Mas são notas soltas, sem mais solidão Meu ser se debruça ao sentir pulsar seu próprio coração São voltas loucas, endiabradas As voltas da vida, ausentes de estradas Tão somente vamos a caminhar Num suave compasso podemos sonhar De barro e pão se faz o caminho E o coração já refaz o seu ninho Ai por Deus, já me viste Ai por Deus, e o é Por dentro do peito uma caixa de pó Uma caixa de pó