A rua do desencanto Maré solta sem abrigo Tem pedras feitas de pranto Como cumprindo um castigo Uma vida de abandono Começa onde quer findar Noites e noites sem sonho Dias sem querer acordar Escuridão feita de medo Vozes roucas de ciúme Vão murmurando um segredo Como se fosse um queixume Versos perdidos, de fado Pobres sombras desmaiadas Ficam juntas no pecado Das mesmas horas paradas A alma na noite morta Na promessa dum desejo Como parede sem porta Ou boca que quer um beijo É resto de madrugada Pedaço de rima solta Desespero em mão fechada Ou esperança que já não volta