Às vezes dou por mim a pensar Será possível, sempre ouvi falar em mudar Não é credível Nunca teve data a anunciar Sou um rabisco de um projeto Que para começar já estava em risco Como é que faço para explicar ao meu rebento Que agora só resta continuar para ter sustento A vida não deu resposta, e eu precisava de mais uma Sistema central novo e reforço na coluna Desta vez com nervos de aço Não viver a procurá-los Quanto mais se sai à busca Mais a vida larga estalos De fracos não reza a história Estou destinado ao tormento Pois sei que são demónios que fazem o meu julgamento Muita dor no meu vinho Perdi o amor No caminho Não dei razão ao rogo Ao chão donde brota a flor Muita dor Muita dor no meu vinho Queimo a cabeça A engendrar esquemas para que arrefeça Era tão bom de ter felicidade sempre à mesa Era tão bom poder virar as costas à tristeza Saber onde esconder Até poder ter a certeza Ir sem pressa de querer chegar a nenhum lado Caminhar o meu tempo sem me sentir atrasado Mergulhar neste mundo sem um ar desconfiado Poder de vir à tona Ser direito consagrado Não ser fado, nem balada, nem lamento Não haver 1 por cento, para 99 em sofrimento Certeza que o padeiro vai cozer um pão para mim Tão certo como a noite e o dia chegam ao fim Muita dor no meu vinho Perdi o amor No caminho Não dei razão ao rogo Ao chão donde brota a flor Muita dor Muita dor no meu vinho