Preto cantando samba Era coisa feia Esse nego é vagabundo Joga ele na cadeia. Hoje o branco está no samba Quero ver como é que fica Todo o mundo bate palma Quando ele toca cuíca. Vá cuidar da sua vida Diz o dito popular Quem cuida da vida alheia Da sua não pode cuidar Preto jogando pernada Mesmo jogando rasteira Todo mundo condenava Uma simples brincadeira E o negro deixou de tudo Acreditou na besteira Hoje só tem gente branca Na escola de capoeira Vá cuidar da sua vida Diz o dito popular Quem cuida da vida alheia Da sua não pode cuidar Preto falava de umbanda Branco ficava cabreiro "Fica longe desse negro Esse negro é feiticeiro" Hoje o preto vai pra missa E chega sempre primeiro O branco vai pra macumba Já é Babá de terreiro Vá cuidar da sua vida Diz o dito popular Quem cuida da vida alheia Da sua não pode cuidar Se desfaz da cultura incapaz Bate cabeça e pula rapaz O povo é quem cria Ele te apropria Não tem essência de cria Ausência de espírito Fluência da vida, empírico Cadência de modo satírico Essência, latência no lírico